A presença de mulheres na construção civil vem crescendo, refletindo uma transformação significativa em um setor tipicamente masculino.

Para se ter uma ideia, entre 2019 e 2021, houve um aumento de 5,5% na participação das mulheres no setor, segundo o Ministério do Trabalho e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

Esse progresso, embora modesto, sinaliza uma oportunidade crescente para que mais mulheres explorem carreiras na construção. Mas, ainda existem barreiras e muitos desafios no setor.

Por isso, é importante conhecer o mercado e se preparar para se destacar da melhor forma. E aí, quer saber mais sobre o assunto?

Então, continue a leitura para descobrir como as mulheres podem conquistar mais espaço na construção civil!

Quais mulheres se destacam no setor?

A presença feminina na construção civil tem sido uma jornada de superação e conquistas. Confira, a seguir, algumas das mulheres que quebraram barreiras e abriram caminho para futuras gerações no setor!

Enedina Alves Marques

Enedina Alves Marques marcou a história ao se tornar a primeira engenheira negra do Brasil e a primeira engenheira no Paraná. Se formou pela Universidade Federal do Paraná em 1945, se destacando em um campo majoritariamente masculino e branco.

Evelyna Bloem Solto

Evelyna foi a primeira aluna mulher do curso de engenharia civil da USP São Carlos em 1957.

Naquele tempo, a entrada de mulheres não era bem vista na construção, mesmo que a universidade abrisse espaço nas salas de aula.

Por isso, durante uma visita à França, ela foi obrigada a se vestir com roupas masculinas e desenhar barba e bigode no rosto para participar de uma atividade.

Maria do Amparo Xavier

Maria do Amparo Xavier iniciou sua carreira aos 14 anos na construção civil varrendo canteiros na Bahia e se tornou a primeira mulher mestre de obras do estado.

Ela superou o machismo no setor nos anos 1970, enfrentando desafios significativos, mas isso nunca a fez esmorecer. Ela aprendeu todos os ofícios do setor, concluiu diversos cursos e trabalhou em obras das maiores construtoras do estado.

Nora Stanton

Nora Stanton foi a primeira mulher a ser aceita na Sociedade Americana de Engenheiros Civis, marcando um momento histórico para as mulheres na engenharia.

Seu trabalho para a Companhia Americana de Pontes e o Conselho de Abastecimento de Água de Nova York pavimentou o caminho para muitas outras no campo​.

Emily Warren Roebling

Emily Warren Roebling é uma figura icônica na engenharia civil. Após a doença de seu marido, Washington Roebling, ela assumiu a supervisão da construção da Ponte do Brooklyn, mostrando sua competência e dedicação ao projeto.

Quais são as vantagens da presença de mulheres na construção civil?

Diversidade no local de trabalho traz inovação e sucesso para a construção civil – Foto: Canva

As vantagens de incluir mulheres na construção civil são inúmeras. Afinal, a diversidade traz novas ideias, promove a inovação, melhora a comunicação e enriquece o ambiente de trabalho com diferentes pontos de vista.

Mulheres também tendem a ser mais detalhistas e cuidadosas, especialmente em atividades que exigem paciência e precisão, como acabamentos de obras, revestimentos externos e finalização de detalhes.

E nas posições de liderança, as mulheres podem adotar estilos de gestão que fomentam ambientes profissionais mais inclusivos e cooperativos.

É importante destacar que mulheres e homens são igualmente capazes de aprender e aplicar as habilidades necessárias no setor da construção civil.

No entanto, os obstáculos que enfrentam são baseados em estereótipos e preconceitos, que sustentam erroneamente a ideia de que alguns trabalhos são mais apropriados para um determinado gênero.

Quais são os principais desafios enfrentados por mulheres na construção civil?

Avanços aconteceram, mas há muito ainda para ser conquistado no campo da construção civil – Foto: Canva

Mulheres na construção civil enfrentam resistência profissional e precisam comprovar constantemente sua competência frente a um ambiente de trabalho masculino.

Além disso, a disparidade salarial é uma realidade, com homens ganhando significativamente mais do que as mulheres em cargos equivalentes.

A falta de oportunidades no mercado e a dificuldade em ascender em cargos de gestão também entram na lista de desafios.

A construção civil é vista como um setor que demanda esforço físico, o que pode ser percebido como um obstáculo para a inclusão de mulheres.

No entanto, a modernização e a adoção de novas tecnologias têm facilitado o trabalho, diminuindo a dependência da força bruta, o que contribui para derrubar essa barreira.

Como uma mulher pode se destacar no mercado da construção civil?

Capacitação é a saída para o destaque da mulher na construção civil – Foto: Canva

Para as mulheres se desenvolverem e se fortalecerem no campo da construção civil, existem alguns passos importantes que podem ser seguidos. Confira a seguir!

Educação e capacitação

Investir em educação formal, como cursos de engenharia civil, arquitetura ou gestão de obras e capacitações técnicas específicas do setor. Aproveitar os recursos de aprendizado online e presencial para adquirir novas habilidades e certificações.

Ganhar experiência prática

Buscar oportunidades de estágio, aprendizado ou emprego em empresas de construção civil para ganhar experiência prática.

A exposição direta aos canteiros de obras e ao ambiente de trabalho proporciona um entendimento profundo dos desafios e necessidades da construção civil.

Desenvolver habilidades de liderança

As mulheres na construção civil podem se preparar para cargos de liderança desenvolvendo habilidades de gestão, comunicação e negociação. Participar de workshops e cursos de liderança é sempre bom para o currículo.

Construir uma rede de contatos

Estabelecer uma rede de contatos com outros profissionais do setor pode abrir portas para oportunidades de emprego e colaboração.

Participar de eventos, conferências e associações profissionais é uma excelente maneira de conhecer mentores, colegas e líderes da indústria.

Promover a igualdade de gênero

Atuar ativamente na promoção da igualdade de gênero dentro do setor, desafiando estereótipos e trabalhando para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e diversificado.

Isso pode envolver a participação em iniciativas de ONGs que visam aumentar a representatividade feminina na construção civil, como a Mulher em Construção.

Fundada por Bia Kern em 2006, a organização foi criada com o intuito de empoderar economicamente mulheres periféricas através de capacitações para a área da construção civil.

A Mulher em Construção já beneficiou mais de 6.000 mulheres diretamente e 60.000 indiretamente, oferecendo treinamento em habilidades técnicas e de liderança, sustentabilidade e desenvolvimento pessoal. 

Adaptação às novas tecnologias

Se manter atualizada com as últimas tecnologias e inovações no setor pode dar às mulheres uma vantagem competitiva.

A construção civil está se modernizando rapidamente e o conhecimento de ferramentas tecnológicas é indispensável.

Cuidado com a saúde e segurança

Priorizar a saúde e a segurança, conhecendo a fundo as normas regulamentadoras específicas do setor e adotando práticas seguras de trabalho, especialmente em ambientes que exigem esforço físico.

Como as empresas podem contribuir para a inclusão de mulheres na construção civil?

Criar políticas de igualdade de gênero ajuda empresas a trazer mais mulheres para a construção civil – Foto Canva

Para que as empresas contribuam para a inclusão de mulheres na construção civil, é fundamental adotar práticas conscientes e estratégicas que promovam a igualdade de gênero e criem um ambiente de trabalho acolhedor e seguro para todas.

Reunimos, a seguir, algumas maneiras pelas quais as empresas podem fazer sua parte. Confira!

  • estabelecer políticas de igualdade de gênero: garantir oportunidades iguais em recrutamento, promoção e salários, combatendo a disparidade salarial;
  • oferecer treinamentos de sensibilização: educar funcionários sobre igualdade de gênero e reduzir preconceitos, construindo uma cultura de respeito;
  • criar um ambiente seguro: implementar mecanismos de denúncia para assédio, promovendo um local de trabalho onde mulheres se sintam respeitadas;
  • fomentar liderança feminina: apoiar mulheres em desenvolvimento de carreira, com programas de mentoria e treinamento;
  • proporcionar flexibilidade de trabalho: oferecer horários flexíveis e licença-maternidade estendida para facilitar a conciliação entre trabalho e vida pessoal;
  • promover parcerias: trabalhar com instituições e ONGs para capacitar mulheres para o setor;
  • dar visibilidade: reconhecer publicamente as contribuições femininas no setor, inspirando mais mulheres a entrar na construção civil.

Como pode conferir, as mulheres na construção civil estão abrindo caminho para um futuro mais igualitário, apesar dos desafios persistentes. Com educação, capacitação e apoio das empresas, elas podem definir um novo padrão no setor, mostrando que diversidade e inclusão são essenciais para a inovação e sucesso.

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