As Tiny Houses são casas compactas e minimalistas que ganharam popularidade nos Estados Unidos em 2008. Elas simbolizam um estilo de vida mais simples, carregando uma filosofia que tem impacto social, econômico e filosófico. 

No Brasil, a tendência das minicasas tem ganhado adeptos e hoje já é possível alugar esse tipo de moradia em plataformas de hospedagem online. 

Quer entender melhor sobre o assunto? Neste post, vamos explicar o que são Tiny Houses, como surgiram e como são por dentro. Depois, você confere 3 projetos da CASACOR SP 2023 que aplicam esse modelo. 

Entenda o que são Tiny Houses

Tiny Houses: casa compacta apresenta soluções sustentáveis – Foto: Pexels/James Frid

Tiny Houses, ou Casas Pequenas, são moradias compactas que podem chegar a até 40 m², normalmente. São projetadas com o uso inteligente de espaço, materiais eficientes e tecnologias eco-friendly, proporcionando um estilo de vida minimalista, consciente e sustentável.

Sua construção pode ser em Steel Frame, Wood Frame, SIP (Structural Insulated Panel) ou Bioconstrução. 

O isolamento térmico e acústico é realizado com materiais como drywall ou placas de OSB, complementados por mantas térmicas e também lã de pet e de vidro. O revestimento externo pode ser feito com tábuas de compensado ou madeira. 

Esquadrias de PVC são escolhidas para as Tiny Houses por sua durabilidade e alta qualidade. Elas não necessitam de manutenção constante e reforçam a segurança das minicasas. 

Quanto aos móveis, eles precisam ser versáteis e multifuncionais: mesas que dobram, armários que funcionam como escadas, bancos com compartimentos de armazenamento. A iluminação e a ventilação naturais também são vitais para otimizar o espaço.

Conheça os principais tipos de Tiny Houses

Agora que já sabe como funcionam essas moradias, é o momento de descobrir os principais tipos de Tiny Houses. Confira a seguir:

  • Tiny House fixa: microlar construído em fundação, requer terreno e aprovação da prefeitura, por isso, paga IPTU. Indicada para quem deseja estabilidade;
  • Tiny House transportável: semelhante a fixa, mas pode ser transportada devido à base móvel. Requer terreno, aprovação da prefeitura e paga IPTU. É interessante para quem busca mobilidade;
  • Tiny House móvel: popular e móvel, não necessita de terreno, nem paga IPTU/IPVA. É ideal para quem quer liberdade geográfica. No entanto, requer emplacamento pelo SENATRAN e INMETRO, órgãos que regulam as Tiny Houses móveis do país. 
  • Tiny House sobre caminhão: microlar sobre caminhão que paga IPVA, assim como um motorhome. É uma alternativa menos burocrática para pessoas que querem viajar com frequência. 

Descubra como surgiram as Tiny Houses 

Tiny Houses: Jay Shafer na frente de seu microlar – Foto: Life Edited

As Tiny Houses têm suas raízes nos EUA, no fim da década de 1990, quando o escritor Jay Shafer, em busca de um estilo de vida mais simples e minimalista, decidiu projetar seu próprio microlar. 

Em entrevista ao site Life Edited, Shafer comentou que a ideia não era criar uma moradia pequena, mas uma casa eficiente. “Quando tirei todas as partes desnecessárias, descobri que era uma casa muito pequena”, conta.

Jay não era arquiteto e, por conta de limitações financeiras, estudou em uma escola de artes. Seguir a carreira, no entanto, sempre foi seu sonho.

Em 1999, a Tiny House de Jay ganhou um prêmio por seu design inovador. A conquista o inspirou a fundar a Tumbleweed Tiny House Company e a escrever The Small House Book, transformando sua paixão por microlares em carreira.

Desde então, ele se tornou uma figura influente para o movimento, promovendo as Tiny Houses como uma alternativa de vida benéfica. Assista, a seguir, ao vídeo no qual Jay Shafer apresenta seu microlar:

Saiba como as Tiny Houses se popularizaram 

As Tiny Houses se popularizaram nos EUA durante a crise financeira de 2008, quando muitas pessoas perderam suas casas. Para cortar custos e viver de forma mais sustentável, alguns começaram a construir casas menores, iniciando, assim, o movimento dos microlares. 

Com o tempo, essa tendência ganhou força devido ao desejo crescente de viver de forma mais simples, consciente e conectada à natureza, valorizando experiências ao invés do acúmulo de bens.

No Brasil, Robson Lunardi e Isabel Albornoz iniciaram o movimento Tiny House e o microlar do casal foi o primeiro homologado do país. Depois de enfrentarem juntos a Síndrome do Burnout, buscaram uma vida mais calma e simples, e aprenderam sobre a construção de microcasas nos EUA. 

Tiny Houses: Robson Lunardi, Isabel Albornoz e seus 2 filhos em frente ao microlar da família, intitulada Araraúna – Foto: Instagram/Arquivo pessoal 

Legenda: Tiny Houses: Robson Lunardi, Isabel Albornoz e seus 2 filhos em frente ao microlar da família, intitulada Araraúna – Foto: Instagram/Arquivo pessoal 

Hoje, o casal vive com dois filhos em uma casa pequena de 27m² e compartilha sua jornada no blog Pés Descalços. Também dão consultoria sobre Tiny Houses e colaboram com o projeto Colibri, que constrói microlares para pessoas em situação de vulnerabilidade. 

Descubra como é dentro de uma Tiny House

As Tiny Houses apresentam um estilo de vida minimalista que combina conforto, funcionalidade e sustentabilidade em um pacote compacto. Mas, o que realmente há dentro de uma dessas casinhas minimalistas? Descubra a seguir!

Cozinha

Tiny Houses: a geladeira desse microlar ficou embaixo da escada, que dá acesso ao quarto – Foto: Unsplash/Clay Banks

Em uma Tiny House, a cozinha é compacta, mas completa, com fogões elétricos e geladeiras menores para otimizar o espaço. Mas, isso não é uma regra. Tudo depende do projeto e do desejo do proprietário. 

Banheiro

Tiny Houses: vaso compostável na separa resíduos sólidos e líquidos, facilitando a compostagem e o descarte adequado – Foto: Shutterstock

Os banheiros contam com um chuveiro, uma pia e um vaso sanitário, que pode ser do tipo compostável para economizar água. Muitas vezes, também há uma máquina de lavar/secar com abertura frontal no mesmo ambiente.

Quartos

Tiny Houses: quartos podem ser acessados por escadas – Foto: Unsplash/Andrea Davis

Na Tiny House, os quartos estão localizados em um loft ou mezanino, que é acessível através de uma escada integrada à estrutura da casa. Dependendo do projeto, pode haver mais de um desses espaços elevados.

Mas, novamente, isso não é uma regra. Existem Tiny Houses com quartos no primeiro andar ou ainda com camas embutidas. 

Sala 

Tiny Houses: salas costumam ser espaços multifuncionais – Foto: Unsplash/ Roberto Nickson

A sala é um espaço multifuncional. Durante o dia, pode ser uma área de estar com um sofá e uma mesa. À noite, um quarto extra, se existir um sofá-cama. Algumas Tiny Houses também têm uma pequena área de jantar.

Água

Tiny houses são equipadas com um aquecedor de água e um sistema de encanamento para a pia da cozinha, chuveiro e vaso sanitário. Em alguns casos, a casa pode ser conectada a uma fonte externa. Em outros, pode haver um sistema de captação e armazenamento de água.

Eletricidade

Tiny Houses: painéis solares são uma escolha recorrente para microlares – Foto: Unsplash

Assim como nas construções tradicionais, as Tiny Houses podem se conectar à rede elétrica. No entanto, muitas são planejadas para serem autossuficientes, produzindo energia através de painéis solares.

Nesses casos, existem dois sistemas de energia solar comumente utilizados nos microlares. O primeiro é o on-grid, que gera energia solar e devolve o excesso à rede pública, acumulando créditos ao usuário junto à companhia de energia elétrica. 

O segundo é o off-grid, um sistema perfeito para locais remotos porque armazena energia solar em baterias para uso ininterrupto, assegurando independência energética.

Conheça as vantagens e as desvantagens das Tiny Houses 

Viver em uma Tiny House tem seus prós e contras, que precisam ser conhecidos para evitar surpresas e garantir uma transição bem-sucedida para a vida minimalista. Vamos descobrir as vantagens primeiro:

  • sustentabilidade: Tiny Houses são famosas pelo uso eficiente de recursos, resultando em um menor impacto ambiental;
  • melhor qualidade de vida: a vida em um microlar favorece um estilo de vida simples e tranquilo, ajudando os moradores a se concentrarem no que realmente importa;
  • construção rápida: a construção de uma Tiny House é mais rápida do que uma casa tradicional, o que é ideal para aqueles que desejam se mudar com rapidez.

Sobre as desvantagens, o espaço limitado é o ponto principal, tornando o armazenamento um desafio e a acumulação de muitos itens inviável. 

Outro ponto a se considerar é que não existem muitos profissionais especializados no projeto desse tipo de moradia no país. Além disso, pode haver dificuldade na revenda desse tipo de moradia. 

Descubra o valor de uma Tiny House no Brasil

Os preços de uma Tiny House variam bastante. Casas fixas vão de R$50 mil a R$400 mil. Transportáveis custam de R$80 mil a R$400 mil, e as sobre rodas começam em R$90 mil, já que é preciso comprar e regularizar o chassi. 

Embora existam modelos mais econômicos e que reduzem os custos de vida a longo prazo, designs personalizados e materiais de alta qualidade tendem a encarecer o projeto.

Conheça 3 projetos que aplicam o modelo das Tiny Houses 

E aí, que tal conhecer alguns projetos de Tiny Houses? Na 36ª edição da CASACOR São Paulo, 3 espaços brilharam ao usar esse modelo. Veja e inspire-se para criar ambientes minimalistas e mais sustentáveis!

1. Quintino Facci Arquitetos: Morada da Alma 

Tiny Houses: Morada da alma tem 49 m² e foi projetado especialmente para a CASACOR SP 2023 – Foto: Divulgação/CASACOR

Quintino Facci e sua equipe criaram uma Tiny House de 49m² para a mostra que explora a relação entre o corpo humano e o espaço em que vive. 

Materiais com toque aconchegante, como madeira e tecido, e a iluminação indireta estrategicamente posicionada, conferem conforto para os sentidos. Minimalista, o décor exibe paleta neutra e mobiliário autoral brasileiro, com algumas peças desenhadas pelo escritório especialmente para a mostra.

2. Rafa Zampini: Casa Almar

Tiny Houses: Casa Almar tem 36 m² e é uma solução de casa modular desmontável e minimalista – Foto: Divulgação/CASACOR

Fruto de anos de pesquisa, o bangalô de 36m² de Rafa Zampini é uma solução de casa modular desmontável no estilo Tiny House. 

Sustentável por princípio, o projeto abraça conceitos como wabi-sabi e minimalismo, traduzidos em texturas e cores neutras, para sugerir um jeito de viver leve, descomplicado e voltado ao bem-estar. 

A estrutura de alumínio revestida de madeira de reuso dá forma a suíte e estar integrados, copa e banheiro, além de varanda com banheira e chuveirão. É a estreia do arquiteto na CASACOR.

3. Ricardo Caminada e Tota Penteado: Cabana Ri.To

Tiny Houses: Cabana Ri.To tem 44m² é compacta e funcional– Foto: Divulgação/CASACOR

Descansar, recobrar as energias e renovar as conexões afetivas estão entre as atividades imaginadas para acontecer na Tiny House de 44m² dos arquitetos Ricardo Caminada e Tota Penteado. 

Tons naturais permeiam o living-dormitório, a cozinha gourmet na varanda e o banheiro. Peças com identidade, como a tela da artista visual Paula Klien, os bordados de Marcelo Tambasco, o tapete produzido com garrafas PET recicladas, além de cerâmicas e objetos que carregam marcas do tempo e enriquecem o visual do ambiente. 

Em suma, as Tiny Houses emergem como uma alternativa sustentável e econômica para viver, permitindo um estilo de vida minimalista e consciente. Ao explorar esse tipo de moradia e as possibilidades que oferecem, podemos reconsiderar nossas ideias sobre o que realmente significa “lar”.

E aí, curtiu conhecer mais sobre as Tiny Houses? Compartilhe esse post nas redes sociais e ajude a disseminar essa tendência minimalista e sustentável!